domingo, 13 de maio de 2012

Da carência do amor romântico


Que o casamento, segundo as más línguas, é um compromisso errático e que a família é uma instituição falida já ouvimos muito. Mas o triste é que dados estatísticos comprovam a má fama do sonho de muitos jovens: constituir família, depois, claro, de se formar e conquistar a própria independência. Segundo o senso do IBGE, o número de divórcios cresceu de trinta por cento em 2000, para 40% em 2010. Existe o risco de que quase a metade dos casais apaixonados que se casarão ou já estão casados estejam divorciados em 2010. Infeliz estatística. No entanto, mesmo com tantos números de casamentos desfeitos, vem notando-se um movimento crescente a favor do casamento. Nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter, grupos e comidades com milhares de seguidores e acessos vem levantando a bandeira do casamento. Ele ainda pode ser bem sucedido. Existe, na maioria dos grupos uma corrente religiosa que prega o casamento como a verdadeira forma de se conquistar a felicidade conjugal, e a preservação antes do casamento. Ou seja, muitos são a favor do "fazer amor", e não apenas do sexo como uma rápida e frívola satisfação. E fazer amor só depois do casamento. Ou seja, uma estatística que cresce em meio a tantos namoros e ficadas passageiras, em que o sexo perdeu o tabu que tanto tinha até os anos sessenta. Depois disso, perder a virgindade e transar milhões de vezes na adolescência é normal, mas não pra todos.
O que mais espanta é a velocidade em que o casamento deixou de ser uma negociação entre famílias e o surgimento de uma realidade onde não existe o casamento. O mundo que já é muito conhecido, habitado por "piriguetes" e cafajestes, com todo o respeito aos ofendidos. Até os anos quarenta a jovem e o rapaz eram obrigados a se casar por questões burocráticas. A moça devia arranjar um bom dote. Um bom partido. Contava-se a renda anual do pretendente. Famílias casamenteiras! "Quando duas pessoas sem fortuna decidiam se casar apenas porque estavam apaixonadas, ninguém achava a menor graça." - trecho do prefácio escrito por Julia Romeu, do livro "Orgulho e Preconceito". Em 70 anos, a realidade muda radicalmente, e casais que se casam por um sentimento genuíno de amor despertam uma grande emoção, devido à raridade do evento. Muita gente ainda acredita no casamento. Eu, particularmente, sou uma delas. Aquele casamento simples, cerimônia que marca o começo de uma nova vida, quando dois passam a ser um. E aqueles que não acreditam no casamento, assim são porque ainda não encontraram o amor de verdade.
Mas e o amor? Palavra forte não é? O amor agora é motivo de muitas filosofias. Bem-aventurado aquele que encontrou alguém a quem ama verdadeiramente. Mas o amor é lindo não é gente? É tão bonito ver um casal feliz que se ama. Agora tem um filósofo do Twitter que lançou uma pérola que resume bem o artigo: "O amor cria mais músicas ruins do que casais felizes". O autor dessa frase, segundo minhas pesquisas, denomina-se Tio Dino. Ouvi essa frase de ator-cantor que deu uma entrevista ao Jô há algumas semanas. E não esqueci. Logo pensei: Isso dá um artigo. Mas porque será que esses pagodes chicletes e cafonas, com letras, me desculpem os fãs, tão pobres e obscenas, fazem tanto sucesso e arrecadam tanto dinheiro? Bom, isso dá pano pra manga pra um artigo inteiro.
Portanto, aqui concluo. Fiquem bem e com toda a atmosfera de amor, mas o amor romântico, verdadeiro, do tempo dos nossos avós.